sábado, 22 de outubro de 2011

Não Se Comprometa Com a Decisão Antes de Tomar a Decisão

Uma empresa de alta performance em geral busca processos decisórios objetivos e eficazes e certamente um bom profissional, consultor ou instrutor pode dar um grande apoio neste sentido. Muito já foi estudado, escrito e desenvolvido sobre os processos de Tomada de Decisão. Uma boa parte, seguindo um processo racional com os passos lógicos (identificar o problema, analisar alternativas, definir o plano de ação, por exemplo).


Mas um bom profissional sabe também que é preciso ir muito além disso. O processo de Tomada de Decisão é um processo humano. E como tal, não é 100% racional e nem deve ser.
 

Mintzberg e Westley deram um excelente exemplo disso, contando uma história do mestre enxadrista Alexander Kotov. Em certa ocasião, Kotov viu-se diante de uma jogada de xadrez de difícil decisão, ficando mais de meia-hora analisando se ele deveria mover a torre ou o cavalo. Até que surgiu uma idéia e ele acabou decidindo não mover nem a torre e nem o cavalo, mas sim o bispo. Talvez seja esse tipo de capacidade que o torne um mestre.


Porque é comum nas empresas os tomadores de decisão acabarem se comprometendo com uma decisão durante o processo e não apenas ao final dele, acabando por ignorar ou descartar novas idéias e soluções superiores que venham a surgir.


Vamos dar um exemplo. Uma empresa acredita que é preciso instalar um sistema ERP e a partir daí começa a seguir seu processo padrão para tomada de decisão: analisar os problemas, ver se o ERP pode solucionar esses problemas, qual o melhor ERP para seu caso, etc. Sendo uma decisão importante, de grande impacto e cheia de detalhes a serem considerados, é tipicamente um processo que leva bastante tempo para ser concluído. 
 

Chega uma hora em que os tomadores de decisão da empresa já investiram tanto tempo pesquisando sobre ERP, já tiveram tantas reuniões internas e com potenciais fornecedores, já fizeram tantos planos e desenvolveram tantas idéias a respeito, que apesar da decisão não ter sido tomada, eles já estão comprometidos com ela.


Eles pensam “Não posso ter investido tanto tempo e esforço pra nada, seria um desperdício e uma perda de tempo de toda a equipe se tudo isso não der em nada”. Às vezes isso vira ponto de honra, depois de um ano falando desse assunto, eles acreditam que TEM que ser implantado e o mais rápido possível.


Com isso, eles já têm como certo a implantação do sistema, já tem uma boa idéia de quem deve ser o fornecedor, já vão moldando e preparando seus procedimentos internos para a chegada do ERP. Mas a verdade é que eles estão, ou deveriam estar, ainda no processo anterior à tomada de decisão, e assim nenhuma decisão foi efetivamente tomada.
 

E se, depois de tudo que foi feito, alguém notar que talvez as alternativas analisadas não são as mais adequadas? Que talvez nem seja preciso o ERP? Que talvez a empresa não esteja preparada para implantar o ERP? Que nenhum dos fornecedores realmente atende às necessidades da empresa?


Poucas empresas são capazes, neste ponto, de fazer o que o Kotov fez. Jogar fora toda análise posterior e decidir em favor de uma solução superior a tudo o que estava sendo considerado até aquele momento.


E muitas vezes isso ocorre. Um dos grandes motivos é justamente o ser humano não ser 100% racional. Existe um outro lado da mente humana que é extremamente poderoso que é o subconsciente. Ele é responsável por grandes sacadas e criatividade, intui ligações e conseqüências de problemas complexos.


E enquanto os profissionais estão usando um processo racional para tomada de decisão, o subconsciente também está analisando o problema e buscando suas próprias soluções. Que muitas vezes são superiores, mesmo sendo menos lógicas e menos racionais.


Texto escrito pelo professor William Shibuya e que reflete um dos tópicos abordados em seu curso “Tomada de Decisões”, ministrado na Arima Treinamentos. Saiba tudo sobre o curso neste link: http://www.arimaweb.com.br/treinamentos/agenda.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário