sábado, 15 de outubro de 2011

A Solidão no Poder

Será um mero clichê a cena de um executivo, isolado em seu escritório com a mesa lotada de papéis, imerso em compromissos e telefonemas, tendo mil decisões para tomar e sem poder compartilhar de muitas delas?

Será que a essa altura esse profissional não pode confiar suas dúvidas e angústias a ninguém? Ou teria atingido uma posição que não permite titubear? O poder é realmente solitário?

A palavra solidão, de origem latina - solitudinis - é definida como estado de quem está só, retirado do mundo, isolado.

Apesar de se falar em trabalho em grupo, gestão compartilhada, formação de times, da força dos times coesos de trabalho, o que vemos hoje são:
  1. Corporações competitivas
  2. Falta de ambiente colaborativo
  3. Falta de confiança
  4. Premiações individuais
  5. Fofocas
  6. Ambiente pesado e deletério no trabalho
  7. Inseguranças pessoais se sobrepondo ao interesse comum
Como ser um bom líder, empresário, diretor, gestor sem sentir-se solitário e isolado no poder e ao contrário, ser SOLIDÁRIO? Solidariedade fica restrita ao campo da assistência social e não algo inerente às relações humanas, inclusive às relações de trabalho.

A palavra-chave: Coragem de liderar mostrando seus pontos fracos para formar um time em que os pontos fortes e motivações individuais somados sejam vencedores e o grupo tenha uma motivação própria.

Para tanto, torna-se fundamental a correta associação de pessoas através da análise de competências e características pessoais, uma avaliação constante feita pelo líder, subordinados e pares, com feedbacks construtivos.

Isso é possível nas corporações de hoje? Se elas praticarem seus discursos de sustentabilidade, ética nos negócios e transparência, é possível e muitas já o fazem. O que ocorre é que grande parte dos membros das corporações defendem apenas o próprio espaço e, por insegurança, tornam a vida dos demais profissionais um inferno, prejudicando também a rentabilidade dos negócios a longo prazo.

Como fazer para mudar o paradigma e os líderes se tornarem menos solitários tornando a gestão realmente transparente, ética, sustentável e agradável no dia-a-dia? Um consultor ou conselheiro pessoal pode ajudar. Mas a chave é a CORAGEM de mudar de postura e começar a agir de forma madura e compartilhar atitudes, problemas, soluções, vitórias e fracassos.

A hierarquia existe e pressupõe capacidades e experiências diversas entre as pessoas. Uma gestão compartilhada significa compartilhar riscos e responsabilidades, mas no final das contas é necessária uma cabeça que dê a palavra final e que seja colocada a prêmio.

Mas esta cabeça pode exercer seu poder e estar cercada de pessoas competentes, capazes, que somem e assumam responsabilidades, num clima de companheirismo e colaboração. É possível, sim, cultivar amigos e obter resultados. Temos exemplos no Brasil de pessoas bem-sucedidas, que ocupam postos elevados nas organizações e que são muito queridas por seus pares e subordinados. O que determina se seu poder será solitário não é o quanto você “subiu” na hierarquia, mas como se comportou para chegar lá.

Patricia Marco Soares – consultora de marketing e estratégia empresarial
Marcelo F. Guimarães – consultor de marketing e desenvolvimento organizacional

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