terça-feira, 1 de novembro de 2011

O embarque é aqui? – Parte 2 / 2

“Se podes olhar, vê.
Se podes ver, repara.”

(José Saramago – Epígrafe do livro Ensaio sobre a Cegueira)

Na primeira parte deste artigo listei os muitos enganos que cometi neste episódio e talvez o maior deles tenha sido o de presumir baseado apenas em poucas informações.

Esse fato me lembrou algo que me foi dito há muito tempo. Conheci um empresário que me contou a seguinte história:

Certo dia, um dos diretores da empresa na companhia de outros executivos vistoriava um dos setores fabris, quando notou um rapaz encostado à parede e aparentemente sem fazer nada.

Como aquela cena o incomodou, dirigiu-se ao rapaz acompanhado dos outros executivos e perguntou-lhe:

– O senhor está fazendo o quê?

– Nada!

Indignado, perguntou-lhe:

– Quanto o senhor ganha por mês?

– R$ 550,00

O diretor abriu a sua carteira, deu-lhe o dinheiro e lhe recomendou energicamente:

– Passe imediatamente no RH, pois o senhor está dispensado!

– Sim senhor!

O rapaz saiu correndo dali.

Então, dirigindo-se aos demais, disse-lhes: – Agora vamos falar com o gerente deste setor! Vou mostrar-lhe quem é que manda por aqui!

Ao se aproximar do gerente, perguntou-lhe:

– Você viu o rapaz que estava parado ali, naquela parede?

– Sim, eu o vi!

– E você reparou que ele não estava fazendo absolutamente nada?

– Sim, eu reparei!

– E você deixou? Está me dizendo que você o viu enrolando e não fez simplesmente nada?

– Sim, porque ele não trabalha neste setor!

– E em que setor ele trabalha?

– Ele não trabalha aqui! Ele veio entregar o lanche e estava esperando que a pessoa lhe trouxesse o troco!

Portanto, como disse Friedrich Wilhelm Nietzsche, “Não há fatos, só interpretações.”

Por Roberto H. Tanaka

A Saber: A primeira parte deste artigo pode ser acessada no site da WSI School: http://www.wallstreetinstituteschool.com.br/networkingclub/out2011/etiquette.asp

2 comentários:

  1. Um típico episódio de quem age sem pensar, por impulso.
    Nem tudo o que vemos é o que aparenta. Primeiro precisamos investigar o que está acontecendo sem antes "meter os pés pelas mãos".
    Isso pode acarretar injustiças e prejuízos à empresa na hora de tomar decisões.
    Quem está na área das tomadas de decisões tem de ser coerente, agir com bom senso, medir a consequencia da ação a ser tomada antes de fazê-la.
    Antes de mais nada; ter ética profissional.

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  2. Concordo com você, Márcia. Julgamentos apressados normalmente têm este final desastroso.
    Obrigado por participar.

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