“Se podes olhar, vê.
Se podes ver, repara.”
(José Saramago – Epígrafe do livro Ensaio sobre a Cegueira)
Na primeira parte deste artigo listei os muitos enganos que cometi neste episódio e talvez o maior deles tenha sido o de presumir baseado apenas em poucas informações.
Esse fato me lembrou algo que me foi dito há muito tempo. Conheci um empresário que me contou a seguinte história:
Certo dia, um dos diretores da empresa na companhia de outros executivos vistoriava um dos setores fabris, quando notou um rapaz encostado à parede e aparentemente sem fazer nada.
Como aquela cena o incomodou, dirigiu-se ao rapaz acompanhado dos outros executivos e perguntou-lhe:
– O senhor está fazendo o quê?
– Nada!
Indignado, perguntou-lhe:
– Quanto o senhor ganha por mês?
– R$ 550,00
O diretor abriu a sua carteira, deu-lhe o dinheiro e lhe recomendou energicamente:
– Passe imediatamente no RH, pois o senhor está dispensado!
– Sim senhor!
O rapaz saiu correndo dali.
Então, dirigindo-se aos demais, disse-lhes: – Agora vamos falar com o gerente deste setor! Vou mostrar-lhe quem é que manda por aqui!
Ao se aproximar do gerente, perguntou-lhe:
– Você viu o rapaz que estava parado ali, naquela parede?
– Sim, eu o vi!
– E você reparou que ele não estava fazendo absolutamente nada?
– Sim, eu reparei!
– E você deixou? Está me dizendo que você o viu enrolando e não fez simplesmente nada?
– Sim, porque ele não trabalha neste setor!
– E em que setor ele trabalha?
– Ele não trabalha aqui! Ele veio entregar o lanche e estava esperando que a pessoa lhe trouxesse o troco!
Portanto, como disse Friedrich Wilhelm Nietzsche, “Não há fatos, só interpretações.”
Por Roberto H. Tanaka
A Saber: A primeira parte deste artigo pode ser acessada no site da WSI School: http://www.wallstreetinstituteschool.com.br/networkingclub/out2011/etiquette.asp
Um típico episódio de quem age sem pensar, por impulso.
ResponderExcluirNem tudo o que vemos é o que aparenta. Primeiro precisamos investigar o que está acontecendo sem antes "meter os pés pelas mãos".
Isso pode acarretar injustiças e prejuízos à empresa na hora de tomar decisões.
Quem está na área das tomadas de decisões tem de ser coerente, agir com bom senso, medir a consequencia da ação a ser tomada antes de fazê-la.
Antes de mais nada; ter ética profissional.
Concordo com você, Márcia. Julgamentos apressados normalmente têm este final desastroso.
ResponderExcluirObrigado por participar.