terça-feira, 29 de novembro de 2011

Competência Global: Dizer NÃO à Lei do Gérson – Parte 1 / 2

“Eu posso resistir a tudo, menos à tentação.” (Oscar Wilde)

Há um movimento global sobre a preservação da Ética, a Mãe de todas as virtudes, pois a cada dia ela está perdendo mais e mais terreno para a famosa Lei do Gérson: “O negócio é levar vantagem em tudo, certo?”

Infelizmente isso está se tornando uma prática comum no mundo dos negócios e refiro-me às transações comerciais em geral, que vão desde a venda de um livro seminovo para o seu colega até as grandes fusões e aquisições. A Saber: o que relatarei abaixo já me aconteceu e eu procedi da mesma maneira que o Sr. José.

Outro dia falei com o Sr. José, um amigo meu que é gerente comercial na empresa 55 e atua na área da Tecnologia da Informação e Comunicação. Ele me contou um caso recente que se enquadra nesta categoria.

Ele encontrou um velho amigo que é de Ribeirão Preto e no decorrer da conversa descobriram que ambos conheciam o Sr. Fulano de Tal, gestor da empresa AA. Este lhe confidenciou que a empresa estava em busca de uma consultoria na área de T.I.C.. Na mesma hora ele ligou para lá e indicou o Sr. José. O Sr. Fulano de Tal lembrou-se do Sr. José, começaram a conversar e ficou combinado que ele ligaria e agendaria uma visita na empresa 55.

E assim ele o fez. Porém, quem atendeu a ligação neste dia não foi o Sr. José, foi o Sr. Garcez, um dos integrantes da Equipe Comercial da empresa 55. A visita foi marcada para daqui a uma semana no período da tarde.

Nesse intervalo, o Sr. Garcez afirmou para a alta direção que ele e o Sr. Fulano de Tal eram amigos de longa data e que ele fora o responsável pela captação do cliente. O Sr. José não ficou sabendo disso.

Na manhã da visita, o Sr. José chamou o Sr. Garcez e o convidou a participar da reunião, pois alguns assuntos que compunham a pauta eram de domínio dele. Quando ele fez o convite, o Sr. Garcez respondeu:

– O Sr. Fulano de Tal? Nossa, conheço-o a um tempão. Amigão meu. Jogávamos peteca e bolinha de gude juntos.

Ouvindo isso, o Sr. José falou:

– Ótimo. Ele também é um conhecido meu e isso facilitará as negociações.

– Deixa comigo!

Pela Consultoria, participaram da reunião o proprietário, um dos diretores, o Sr. José e o Sr. Garcez. Pelo futuro cliente, o Sr. Fulano de Tal e um dos Coordenadores.

Quando eles chegaram, o Sr. José os recepcionou e como se conheciam de longa data, o cumprimento foi caloroso. Quando chegou a vez do Sr. Garcez, o Sr. Fulano de Tal lhe disse:

– Muito prazer, o meu nome é Fulano de Tal e aqui está o meu cartão!!!

O Sr. Garcez literalmente perdeu o rebolado, mas usou o velho golpe do “Hã? Quem sou eu? Onde estou?”. Traduzindo: para disfarçar, começou a falar várias coisas que não tinham nada a ver com o peixe até que o rubor que tomou conta da sua face sumisse.

O Sr. José me disse que nunca tocou nesse assunto, pois não queria que isso afetasse a credibilidade da empresa 55. Afinal, deixar transparecer para um futuro cliente que um integrante da sua equipe havia tentado passar-lhe a perna poderia influenciar negativamente a avaliação do Sr. Fulano de Tal. Tão certo quanto dois mais dois são quatro, ele se perguntaria: – Como confiar no trabalho de uma empresa onde a ética não guia a conduta de seus colaboradores?

Desde cedo as pessoas são apresentadas às regras de convivência universal que devem ser seguidas, como respeitar o próximo, preservar a natureza, ceder a primazia da passagem aos mais velhos, não fazer a outrem o que você não quer que lhe façam, etc. E muitos ainda prometem e juram de joelhos que serão fiéis a esses valores.

Mas como já disse Moliére: “Os homens são parecidos em suas promessas. Eles só diferem em seus atos.”

Por Roberto H. Tanaka

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