“Pessoas não são
o ativo mais importante de uma empresa. As pessoas certas é que são.” (Jim Collins)
Um
dia desses estava conversando com um amigo meu e ele me perguntou se eu tinha
algum contato em uma empresa que ele gostaria de ter como cliente. Coincidentemente,
disse-lhe que poderia apresentá-lo ao Sr. Anderson e que agendaria um almoço.
No
dia combinado, o meu amigo veio acompanhado de sua principal assistente. Ela
devia ter uns 26 anos, morena de olhos castanhos, cabelo tingido de loiro com
uma mecha ruiva na lateral direita e preso com um laço em forma de rabo de
cavalo, piercing metálico em forma de
bolinha sobre o lábio superior direito, sorriso discreto, talvez um pouco acima
do peso e vestia-se descontraidamente. No transcorrer do almoço ela demonstrou
segurança e bom conhecimento sobre o produto/ serviço a ser oferecido.
Algum
tempo depois fiquei sabendo que não fecharam nenhum acordo comercial, pois
casualmente encontrei o Sr. Anderson e tocamos nesse assunto. Ele me
confidenciou que não realizaram nenhum projeto em conjunto devido ao
comportamento da assistente do meu amigo.
Pedi-lhe
que me detalhasse, se ele pudesse. Aí ele me perguntou, sem enrolation:
–
Você reparou que ela come de boca aberta?
– É, não deu para não
notar esse pequenino detalhe!
–
Pequenino?
– Pois é... Veja pelo
lado bom: pelo menos ela não engasgou e tossiu enquanto comia a farofa!
–
Muito engraçado! Voltando. Então você me compreende quando lhe digo que esse
fato pesou na minha decisão. Mas o ápice, mesmo, foi na hora da sobremesa.
– Sobremesa?
–
Os confeitos de chocolate, que são duros, tudo bem ela comê-los de boca aberta,
pois era a sequência natural dos acontecimentos. Porém, ela conseguiu fazer o
inimaginável, aliás, retificando, ela protagonizou um feito memorável ao tomar
a taça de sorvete de morango com a boca totalmente escancarada. Aí ela se
superou.
– Compreendo! Afinal,
se projetarmos que acontecerão outros eventos...
Há
culturas em que não arrotar após as refeições ou comer em silêncio são
considerados ofensas graves ao anfitrião, contudo, desconheço algum povo que tenha,
por hábito, comer de boca aberta.
Mas
isso é uma questão cultural e como já diziam os meus antepassados, é difícil
julgar. Porém, desde que o meu filho mais velho tinha 3 anos de idade,
literalmente insisto e “pego no pé” dele sobre algumas atitudes, pois fui
criado da maneira tradicional japonesa, ou seja, rigidez com a mínima
tolerância. Sempre digo e repito para os meus filhos: “No básico, vocês não podem errar”. Exemplos:
a)
Comer de boca aberta;
b)
Não dizer obrigado ou por favor;
c)
Não pedir licença às pessoas que estão à sua
frente ao se deslocar de um local para outro;
d)
Achar que as pessoas ao seu redor têm algum
tipo de obrigação para com você, como por exemplo, adivinhar o que você está
pensando ou presumir a situação que você está vivenciando;
e)
E para fechar essa lista parcialmente, não
dar a preferência ao entrar em um transporte público (ônibus, trem, metrô) ou
em qualquer tipo de fila etc. às mulheres, crianças e idosos ou então, o mais
comum, que é não lhes ceder o lugar em que você está sentado.
É
incrível, mas pequenos e espontâneos gestos de gentileza facilitam a nossa convivência
diária tornando-a menos turbulenta.
E
para encerrar, digo que não é uma justificativa e também não pode ser usado
como desculpa, mas ninguém nasce sabendo de tudo. Todavia, se repararmos que o
nosso comportamento foge do comum e do praticado pela maioria das pessoas, é
sempre saudável colocar um porquê de dúvida e se perguntar: Será que estou infringindo alguma regra
básica de etiqueta? Ou, se for o contrário, será que essa não é uma atitude cultural e não devemos pré-julgar tão
rapidamente? Esses simples questionamentos evitam muitos constrangimentos e
ajudam na nossa empregabilidade.
Texto
escrito por Roberto Tanaka: professor e consultor da Arima
Treinamentos.
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