“Quem apanha, lembra; quem bate, esquece.” (Ditado Popular)
Tenho
a plena convicção que a maioria das pessoas já ouviu os seguintes conselhos: “Cuidado!
Nunca diga não, porque não sabemos o que o amanhã nos reserva!” e “Nunca feche
uma porta, pois não sabemos o fim da nossa jornada”.
No
mundo corporativo, a soma dessas duas frases é mais do que uma possibilidade e
os mais místicos a definem como uma conjunção
astral que deveria acontecer somente de mil em mil anos.
Há vários anos, quando era gerente de novos
negócios em uma consultoria, acompanhei o diretor comercial, o Sr. Adão, a uma
reunião que se realizaria na sede de um dos nossos mais antigos clientes,
conhecida como empresa X e cujo contrato fora fechado por ele. Aliás, eu seria
apresentado à senhora Eva, a nova gerente operacional, já que o Sr. Adão a
conhecia de outra organização, a empresa Z, a qual também era nossa cliente. Isso
me tranquilizou porque fui à reunião achando que poderia haver algum problema
com o contrato ou que, como ela acabara de assumir, solicitar-nos-ia uma
redução no preço.
A reunião transcorria informalmente e relembrávamos
casos antigos, pessoas conhecidas, até que abordamos o assunto principal. Adivinhem
o que estava atrás da porta número 2? Redução do custo ou ela procuraria outro
fornecedor. Para encurtar a história, nos 5 meses seguintes foram concedidas
mais duas reduções até o encerramento do contrato. Justificativa: o serviço seria executado internamente porque era a
política da atual diretoria.
Mas agora vem a pergunta que não quer calar: –
Se eles se conheciam de longa data, o preço era razoável, o projeto estava
sendo executado de acordo com os parâmetros estabelecidos etc., onde é que erramos?
Após algum tempo, ao assumir o cargo de diretor
comercial, encontrei-me com a Sra. Eva em um congresso e inevitavelmente
abordei o assunto daquele contrato encerrado há tanto tempo. Ela me
confidenciou que, antes de se tornar gerente operacional na empresa X, fora
supervisora operacional na empresa Z e que o meu antigo diretor comercial visitava-os
frequentemente, porém ele nunca havia lhe dirigido a palavra ou sequer lançado
um olhar de “tudo bem?”. A verdade é que o Sr. Adão conversava apenas com as
pessoas que possuíam o cargo de Gerentes ou Diretores.
Moral
da história: Desde
a Antiguidade não há como adivinharmos se um possível aliado se tornará um “desafeto”
como resposta a algo que você fez ou deixou de fazer. Assim como dois e dois
são quatro, posso lhe afirmar categoricamente que ao chegarmos a uma
encruzilhada em qualquer tipo de negociação, o passado pode vir à tona e fazer
a balança pender para o lado em que o resultado não será nem um pouco agradável.
De
todos os pecados que o ser humano comete, aqueles que advêm do orgulho, cujos
sinônimos são a arrogância e a vaidade, são os piores. Isso porque a arrogância
se baseia no simples fato de que não é preciso melhorar, visto que a pessoa se acha
infinitamente superior aos outros e sem humildade não há como evoluir, pois é
justamente essa a qualidade que nos permite vislumbrar as chances de melhoria.
Mas esse é um assunto para um próximo artigo.
Para
finalizar, citarei Winston Churchill: “Você cria o seu próprio universo ao
longo do caminho”. E complementarei essa
frase com o título deste artigo: Nunca diga que desta água não beberei, porque
a vida é cheia de surpresas e, por diversas vezes, muitíssimo engraçada. O Sim de hoje pode ser o Não de amanhã. Hoje, eu não preciso de você; amanhã,
o meu modo de vida pode depender de uma aprovação sua.
E
assim caminha a humanidade.
Texto
escrito por Roberto Tanaka: professor e consultor da Arima
Treinamentos.